No ano passado, o estado registrou 14 casos de feminicídio.
No total, 35 mulheres foram vítimas de homicídios dolosos no estado
O Acre foi o estado com a maior taxa de feminicídio do país
em 2018. Foram 3,2 assassinatos para cada 100 mil mulheres. É o que aponta um
levantamento do Monitor da Violência, uma parceria do G1 com o Núcleo de
Estudos da Violência da USP e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública,
publicado nesta sexta-feira (8), Dia Internacional da Mulher.
No ano passado, o estado registrou 14 feminicídios, ou seja,
casos em que mulheres foram mortas em crimes de ódio motivados pela condição de
gênero.
Considerando todos os homicídios dolosos de mulheres (que
incluem outros casos além dos de feminicídio), o número chegou a 35. Neste
caso, a taxa do estado é a terceira maior do país, de 8,1 mortes a cada 100
mulheres, apenas atrás de Roraima (10) e Ceará (9,6). Os dados são da
Secretaria de Segurança Pública do Acre.
Um dos casos investigados como feminicídio é o de Guiomar
Rodrigues, de 34 anos. Ela trabalhava em uma panificadora em Rio Branco e foi
achada morta por estrangulamento, em dezembro do ano passado, em uma área de
mata.
O principal suspeito do crime é o sargento da Polícia
Militar do Acre da reserva José Eronilson Brandão, de 51 anos, com quem ela
tinha um relacionamento extraconjugal. O crime teria sido motivado, segundo a
polícia, porque a vítima descobriu que estava grávida. Ele está preso em Rio
Branco e nega o crime.
Em Rio Branco, a Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa
(DHH) é quem investiga os casos de feminicídio. O inquérito que investiga a
morte de Guiomar ainda não foi fechado, porque a polícia aguarda os laudos
relativos ao local do crime e análise de objetos encontrados na área.
“A gente pediu mais um mês e, a cada 30 dias, vai se
renovando esse pedido, até que a gente conclua e tenha todos esses laudos em
mãos. Esse caso deu bastante trabalho, mas toda parte de testemunhas, de
oitivas do próprio acusado já estão concluídas. A gente aguarda só os laudos”,
informou o delegado Martin Hessel.
A previsão é de que os laudos sejam concluídos até a próxima
semana para ser encaminhado à Justiça e o Ministério Público possa fazer a
denúncia.
Durante a oitiva, segundo o delegado, não houve confissão do
crime, mas o suspeito confirma o relacionamento. “Em razão disso, a gente
procurou provas mais técnicas e conseguimos trazer muitas provas técnicas para
dentro do inquérito. Ele confirma a relação e no meio deles isso era sabido por
várias pessoas”, afirma Hessel.
Feminicídio
O caso de Guiomar foi enquadrado como feminicídio por causa
da relação que ela mantinha com o acusado. “E pelo fato também da gravidez que
ele é apontado como genitor dessa criança e por essa relação de proximidade
entre os dois, por isso se enquadra dentro da qualificadora do homicídio”, diz.
O delegado explica que a investigação do feminicídio segue a
metodologia de um crime de homicídio. “Normalmente nos casos de feminicídio há
uma relação de proximidade entre o agressor e a vítima, uma relação de
confiança entre as partes e isso coloca normalmente a mulher como a parte
vulnerável da relação. Quando ocorre essa proximidade a investigação procura
trazer esses fatores para dentro do inquérito”, complementa.
Via - G1/AC
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