Por redação - O Acre Notícia, 26 de junho 2019
A cartilha
“Direito das Mulheres no Parto” idealizada pelo Coletivo Feminista de
Sexualidade e Saúde com apoio do Ministério Público do Acre foi lançado na ultima terça-feira (25) na maternidade Bárbara Heliodora. Servidores, gestores e as
futuras mamães tiveram a oportunidade de absorver mais conhecimento sobre o
assunto e, quem sabe até, evitar que futuros crimes dessa natureza venham a ser
praticados.
“É uma
cartilha direcionada aos profissionais de saúde, aos profissionais de direito e
a população em geral a fim de trazer e jogar luzes sobre esse problema e trazer
mais esclarecimentos, inclusive, levando o conhecimento as diversas
autoridades”, falou o promotor do MP/AC, Glauco Ney Shiroma.
Embora pouco
divulgados os direitos das mulheres no parto existem e precisam ser respeitados
e cumpridos. Abuso físico, violência verbal e emocional, e práticas sem
consentimento são apenas alguns crimes citados e regulados pela Constituição
Federal.
O texto da
cartilha aborda, entre outros temas, questões relacionadas a falta de
informações sobre os tipos de partos disponíveis, sobre a realização de cesária
sem indicação e sobre cortes realizados no momento do nascimento.
Mas além de
seguir o que diz a lei, é preciso também compartilhar esse conhecimento. O
problema é que muitas mulheres, mães de primeira viagem ou que já tiveram
outros filhos, nunca ouviram falar sobre violência obstétrica. E essa falta de
conhecimento poder fazer com que elas se tornem as próximas vítimas.
Ana Maria e
Márcia são dois exemplos dessa triste realidade. Elas fazem juntas o
acompanhamento da gestação. Ana se prepara para o segundo filho, já a Márcia,
para o sexto e mesmo já vivendo a experiência de um parto, não fazem a menor
ideia do que seja violência obstétrica.
“Se eu sei é
por outro nome, mas com esse nome mesmo nunca ouvi falar”, disse a dona de
casa, Márcia Rosa.
O assunto
ainda é tão recente, que até a própria procuradora Patrícia Rêgo, que coordena
o Centro de Atendimento à Vítima, tem duvidas se, em algum momento, foi
submetida a esse tipo de violência sem perceber.
“Eu sou mãe
de quatro filhos e eu desconfio que eu tenha sofrido violência obstétrica e eu
sou promotora de justiça, sou uma pessoa que estudou, que tem certo
conhecimento, atuo com o direito há mais de 30 anos e quando eu escuto falar de
violência obstétrica, quando eu entro numa discussão com os profissionais de
saúde eu me pergunto se já sofri ou não”, ressaltou a procuradora.
Do ponto de
vista médico hospitalar, o assunto também é muito bem recebido. “Eu acho que
isso expressa uma maturidade da gestão da maternidade em trazer esse tema, faz
tempo que nós praticamos o parto humanizado e não conheço nenhum caso de
violência obstétrica, mas esse conhecimento é muito importante”, concluiu o
diretor da maternidade, Wagner Bacelar.
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