Por Redação - O Acre Notícia, 04 de junho 2019
Em 1989,
tropas chinesas abriram fogo contra estudantes que protestavam na Praça da Paz
Celestial, em Pequim. Até hoje, o número oficial de mortos nunca foi divulgado
pelo governo.
Milhares de
pessoas participaram, nesta terça-feira (4), de uma vigília à luz de velas em
Hong Kong para marcar os 30 anos do dia em que tropas chinesas abriram fogo
contra estudantes pró-democracia na Praça da Paz Celestial – também conhecida
como Praça Tiananmen – em Pequim, na China.
Entre as
demandas dos estudantes em 1989 estavam a liberdade de imprensa, de expressão e
de manifestação, além da divulgação dos recursos financeiros dos representantes
políticos.
"O tema
é um dos tabus mais resguardados pela ditadura chinesa. As datas de 3 e 4 de
junho – o massacre ocorreu ao longo do fim de semana – são proibidas em
mecanismos de busca na China. Para falar no assunto em código, é comum chineses
usarem o fictício “35 de maio”", escreve o colunista do G1 Helio Gurovitz.
Hong Kong é
a única região sob jurisdição de Pequim que realiza atos públicos
significativos sobre a repressão de 1989 e elabora memoriais para suas vítimas.
Os
manifestantes desta terça-feira (4) reuniram-se no Victoria Park segurando
velas e cartazes. Outros se juntaram ao redor de uma réplica da estátua da
deusa da democracia, que foi erguida na Praça da Paz Celestial em 1989. A
polícia estimou o público em 37 mil pessoas; os organizadores, em 180 mil.
Na
Universidade de Hong Kong, 12 alunos deixaram buquês de flores no "Pilar
da Vergonha", uma escultura do artista dinamarquês Jens Galschiot em
homenagens às vítimas da repressão.
"É
muito importante que o povo de Hong Kong continue a lembrar a tragédia de 4 de
junho e, de fato, preserve a memória", afirmou Richard Tsoi,
vice-presidente da Aliança de Hong Kong em Apoio aos Movimentos Patrióticos
Democráticos da China.
Lembrança
Na China
continental, as autoridades implantaram uma zona de segurança em torno da Praça
da Paz Celestial. A China nunca forneceu um número de mortos para a violência
de 1989. Entidades de direitos civis e testemunhas dizem que pode chegar aos
milhares, diz a Reuters.
Em Pequim,
perto da praça, um homem de 67 anos afirmou à Reuters que se lembrava dos
acontecimentos de 4 de junho daquele ano.
“Eu estava
voltando para casa do trabalho. A avenida Changan estava repleta de veículos
incendiados. O Exército Popular de Libertação (PLA, em inglês) matou muitas
pessoas. Foi um banho de sangue ”, disse o homem, cujo sobrenome era Li.
Questionado
se ele achava que o governo deveria dar um relato completo da violência, ele
respondeu: “Para quê? Esses estudantes morreram por nada".
Líderes dos
protestos que foram exilados dizem que os objetivos dos protestos da Praça da
Paz Celestial estão mais longe da China do que nunca – porque, na última
década, o governo reprimiu uma sociedade civil alimentada por anos de
desenvolvimento econômico.
Tiananmen
também continua a ser um ponto de discórdia entre a China e muitos países
ocidentais, que pedem aos líderes chineses que deem satisfações sobre terem
dado a ordem ao PLA de abrir fogo contra seu próprio povo.
Vigílias
menores também foram feitas no antigo território português de Macau e em
Taiwan, território que a China alega ser seu. Em Taipei, a capital taiwanesa,
algumas centenas de pessoas se reuniram na Praça da Liberdade.
"Estou muito envergonhado. Eu me
arrependo de todo o coração ”, disse Li Xiaoming, ex-oficial do PLA que
participou da repressão militar, à multidão na Praça da Liberdade, em Taiwan.
"Eu não quero que as pessoas esqueçam os eventos de 4 de junho",
disse Li, que é agora um cidadão australiano, antes de começar a chorar.
Via-G1
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