Deputados da oposição, inclusive os integrantes da bancada da bala, entendem que não podem defender prisão de outros e proteger um deputado acusado de ser mandante de crime.
Desde a
prisão do deputado Chiquinho Brazão, na manhã de domingo (24/3), os deputados
bolsonaristas da oposição têm discutido entre eles, em conversas e nos grupos
de transmissão desses parlamentares, como proceder na sessão da Câmara que
retificará ou não a detenção do colega expulso pelo União Brasil. A Casa
precisa ratificar a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal
Federal (STF), com ao menos 257 votos, para que seja mantida a prisão de
Brazão, acusado de ser um dos mandantes da morte da vereadora Marielle Franco e
de seu motorista, Anderson Gomes, ocorridas há pouco mais de seis anos.
A oposição
está em dúvida como se posicionar, já que tem defendido o direito de
parlamentares a "prerrogativas" do mandato, principalmente depois que
dois deputados federais do PL do Rio — Delegado Ramagem e Carlos Jordy — foram
alvos de busca e apreensão em operações da Polícia Federal, no recesso de janeiro.
Alguns entendem que prisão de parlamentar só ocorra em flagrante delito. Mas as
acusações contra Brazão estão pesando na discussão, até mesmo de bolsonaristas
mais radicais.
A tendência
é boa parte votar a favor da prisão. Há o receio de serem acusados de defensor
de suposto criminoso. O Correio teve acesso a mensagens trocadas no grupo de
WhatsApp "Oposição Raiz". O deputado Sargento Fahur (PL-PR) ponderou
que os integrantes precisam conversar bastante e pensar nas consequências.
"Não
podemos ser hipócritas e tampouco taxados de defensores de assassinos.
Precisamos, na minha opinião agir em bloco. Explicando necessariamente nosso
voto. Será assunto comentado por muito tempo", afirmou Fahur, que é da
linha mais radical da bancada da bala.
O deputado
Zé Trovão (PL-SC) demonstrou preocupação, se votarem contra a manutenção da
prisão de Brazão, de serem "massacrados" por suas bases políticas e
sobre o receio da imprensa divulgar que "direita defende a não prisão de
um deputado assassino".
A deputada
Coronel Fernanda (PL-MT), por sua vez, destacou que o grupo precisa mostrar
coerência. "Não podemos defender prisão para criminoso e, quando ocorre
essa situação, votamos contra a prisão de uma quadrilha perigosa, que usava o
Estado para fortalecer a criminalidade", afirmou a parlamentar.
Com a
decisão do União Brasil em expulsar Chiquinho Brazão, a tendência é que a
maioria dos bolsonaristas decidam pela defesa de sua prisão. O argumento é que
se o partido do acusado, o União Brasil, decidiu expulsá-lo, não há razão fazer
sua defesa na acusação de ser um dos mandantes da morte de Marielle e de
Anderson.
Já nas redes
sociais, os bolsonaristas que comentaram as conclusões da investigação da
Polícia Federal se restringiram a afirmar que os envolvidos não têm relação com
o ex-presidente Jair Bolsonaro, como, dizem, imaginavam grupos políticos
adversários.
"Por 6
anos a esquerda cobrou a identificação dos assassinos de Marielle. Quando a
polícia revela os nomes dos assassinos, a esquerdalha, em vez de comemorar a
descoberta, fica calada. Seria porque os nomes não são os que eles queriam que
fossem?", se manifestou Ubiratan Sanderson (PL-RS), que presidiu a
Comissão de Segurança Pública da Câmara no ano passado.
Carlos Jordy
afirmou que durante seis anos a esquerda explorou politicamente a morte da
ex-vereadora e, segundo ele, associava o assassinato a Bolsonaro. "Talvez
agora a esquerda se dê satisfeita com a elucidação do caso? Pior que não. Eles
queriam que ficasse comprovado envolvimento de Bolsonaro. Eles lançaram um novo
bordão agora: quem mandou os mandantes matarem? É muita psicopatia", disse
Jordy nas redes.
inf.via/correiobraziliense
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