por Assessoria 13/07/2025 22:11
Figuras
geométricas escavadas no solo são patrimônio que revelam parte da história de
povos que habitaram a Amazônia Ocidental há cerca de 2,5 mil anos.
Nos dias 8 e
9 de julho, no Palácio da Justiça, em Rio Branco, aconteceu o 5º Simpósio
Internacional de Arqueologia da Amazônia Ocidental, que reuniu pesquisadores,
instituições públicas e representantes da sociedade civil para debater os
geoglifos da Amazônia Ocidental, seu valor histórico, científico e suas
perspectivas de preservação.
O evento foi
promovido pela Universidade Federal do Pará (UFPA), em parceria com o Instituto
Ibero-Americano da Finlândia, e contou com o apoio do Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional (Iphan). A iniciativa integra as ações do
projeto “Geoglifos: Histórias Indígenas e Paisagem na Amazônia Ocidental”,
coordenado pelo professor Rhuan Carlos Lopes, e homenageia a arqueóloga Denise
Pahl Schaan (in memoriam), referência nos estudos arqueológicos da região.
Entre os
destaques da programação, esteve a mesa redonda “Políticas de preservação e
gestão dos Geoglifos”, na tarde do dia 9, que foi mediada pelo procurador da
República Luidgi Merlo, do Ministério Público Federal (MPF). A mesa reuniu
representantes de instituições estratégicas como Iphan, Universidade Federal do
Acre (UFAC), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis (Ibama), Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
(ICMBio), Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), entre
outros, promovendo um debate essencial sobre o futuro do patrimônio
arqueológico do Acre.
O
superintendente do Iphan no Acre, Stenio Cordeiro, ressalta que o simpósio teve
debates enriquecedores. “Estão entrando na discussão várias secretarias, tanto
estaduais, como municipais, além de órgãos federais. A gente está muito feliz,
porque todo mundo está com o mesmo propósito: desenvolver a geração de trabalho
e renda, e o geoglifo é um ponto de partida. O turismo faz com que a população
conheça, e, ao conhecer, preserve”, afirma.
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Foto: Iphan/AC |
A programação do simpósio contou ainda com conferências internacionais, como a do professor Martti Pärssinen (Universidade de Helsinki/Instituto Ibero-Americano da Finlândia), com exibição de documentário e lançamento de grupo de pesquisa, além de discussões sobre arqueoturismo e o papel da ciência na valorização dos conhecimentos indígenas ancestrais.
O evento foi
gratuito, aberto ao público e voltado especialmente a pesquisadores,
estudantes, gestores públicos, lideranças indígenas e interessados na
preservação do patrimônio cultural da Amazônia.
Geoglifos
Os geoglifos
do Acre são estruturas de terra escavadas no solo, formadas por valetas e
muretas, que representam figuras geométricas. Eles foram encontrados na região
sudoeste da Amazônia Ocidental, mais predominantemente na porção leste do Acre.
No estado, foram identificados mais de mil geoglifos.
Os primeiros
registros desses sítios remontam à década de 1970, contudo, foi a partir dos
anos 2000 que passaram a ser alvo de intervenções científicas sistemáticas. As
pesquisas arqueológicas nessas áreas revelam informações importantes sobre o
manejo da paisagem amazônica por grupos indígenas que habitaram a região há
aproximadamente 2,5 mil anos.
Apesar de
não haver uma interpretação única entre pesquisadores que investigam o tema
sobre a função e uso dos geoglifos, cogita-se que podem ter sido espaços
sociais coletivos para uso cerimonial, simbólico, ritualístico ou ainda para
moradia.
O estudo
dessas estruturas confirma que o processo de ocupação e povoamento da região
amazônica, no primeiro milênio da era cristã, foi empreendido por grupos
indígenas numerosos e com grande capacidade tecnológica para modificar o
ambiente de terra firme e várzea, imprimindo na paisagem características de sua
identidade.
Pela sua
excepcionalidade e relevância para a compreensão do período pré-colonial, esses
sítios representam um exemplar único do patrimônio histórico e social. Possuem,
ainda, grande relevância para a identidade amazônica, por constituírem uma
paisagem cultural resultante de marcas sociais e simbólicas que expressam não
apenas a capacidade tecnológica de manejo do meio ambiente, mas, acima de tudo,
a paisagem com características indígenas.
inf.via/foto:iphan/ac
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