por G1 10/12/2025 21:03
Tanto as
bebidas adoçadas com açúcar quanto as versões com baixo teor de açúcar ou sem
açúcar — como refrigerantes diet e zero — estão associadas a um risco
significativamente maior de desenvolver a doença hepática esteatótica associada
à disfunção metabólica (MASLD), de acordo com um novo estudo apresentado nesta
terça-feira (9) na Semana Europeia de Gastroenterologia, em Berlim.
A pesquisa
acompanhou 123.788 participantes do UK Biobank que não tinham doença hepática
no início do estudo. O consumo de bebidas foi medido por meio de questionários
alimentares de 24 horas repetidos ao longo do tempo. Os pesquisadores
analisaram a relação entre a ingestão desses produtos e o desenvolvimento de
doença hepática alcoólica, acúmulo de gordura no fígado e mortalidade
relacionada ao órgão.
Risco até
60% maior
Os
resultados mostram que consumir mais de 250 g por dia de bebidas com baixo teor
de açúcar ou sem açúcar (LNSSB) aumentou em 60% o risco de desenvolver MASLD.
Já as bebidas açucaradas tradicionais (SSB) elevaram esse risco em 50%.
Durante um
acompanhamento médio de 10,3 anos, 1.178 participantes desenvolveram MASLD e
108 morreram por causas relacionadas ao fígado.
Embora não
tenham sido encontradas associações significativas entre bebidas adoçadas com
açúcar e mortalidade, o consumo de bebidas diet, zero ou versões light também
foi ligado a maior risco de morte relacionada ao fígado. Ambos os tipos de
bebida foram associados a níveis mais altos de gordura hepática.
A MASLD —
antes conhecida como doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA) — é
caracterizada pelo acúmulo de gordura no fígado, que pode evoluir para
inflamação, dor, fadiga e perda de apetite. A condição é hoje a doença hepática
crônica mais comum no mundo e afeta mais de 30% da população global.
Até uma lata
por dia eleva risco, dizem autores
Segundo a
autora principal, Lihe Liu, as alternativas diet “são frequentemente vistas
como mais saudáveis”, mas os dados desafiam essa percepção.
“As bebidas
açucaradas com baixo teor de açúcar foram associadas a um risco maior de MASLD,
mesmo em níveis moderados, como uma única lata por dia. Essas descobertas
destacam a necessidade de reconsiderar o papel dessas bebidas na dieta e na
saúde do fígado”, afirmou.
Liu explicou
possíveis mecanismos que podem justificar os resultados. No caso das bebidas
açucaradas, o açúcar pode provocar picos rápidos de glicose e insulina,
favorecer o ganho de peso e aumentar o ácido úrico — fatores ligados ao acúmulo
de gordura no fígado. Já as bebidas diet poderiam interferir na microbiota
intestinal, alterar a saciedade e até estimular secreção de insulina,
contribuindo para o problema.
Água reduz
risco; trocar diet por normal não ajudou
Os autores
reforçam que limitar bebidas açucaradas ou versões com pouco ou nenhum açúcar
deve fazer parte de estratégias de prevenção não apenas de doenças hepáticas,
mas também de condições cardiometabólicas.
Substituir
qualquer uma das bebidas por água reduziu significativamente o risco de doença
hepática alcoólica:
12,8% quando
a troca foi feita no lugar das bebidas açucaradas;
15,2% quando
substituiu as bebidas de baixo teor de açúcar.
Já
substituir bebidas diet por versões açucaradas — ou o contrário — não trouxe
nenhuma redução de risco.
“A água
continua sendo a melhor opção, pois alivia a sobrecarga metabólica e previne o
acúmulo de gordura no fígado”, disse Liu.
Os
pesquisadores agora pretendem investigar mais profundamente os mecanismos
causais por meio de ensaios randomizados e estudos genéticos de longo prazo,
especialmente focados na interação entre açúcar, adoçantes, microbiota
intestinal e saúde hepática.





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