Moradores são acompanhados pelo Crie da cidade enquanto Anvisa e Ministério da Saúde analisam se vacina aplicada é segura.
A Saúde de
Xapuri, interior do Acre, aguarda um parecer da Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (Anvisa) para saber se precisa ou não revacinar os 51 moradores que
tomaram as doses da Oxford/AstraZeneca vencidas de três lotes referentes aos
meses de abril e junho.
Enquanto
isso, essas pessoas seguem em monitoração pelas equipes do Centro de Referência
para Imunobiológicos Especiais (Crie) da cidade. Nesta quinta-feira (29), a
saúde divulgou uma nota esclarecendo que esse processo de investigação ‘faz
parte do protocolo estabelecido pelo Ministério da Saúde e refere-se à
segurança do paciente em poder ou não receber uma 3ª dose’.
O comunicado
destaca também que existe um processo em andamento na Anvisa da análise de
potência e eficácia do lote da vacina aplicada vencida nos moradores. A Saúde
frisou que ‘por mais que tenha ocorrido um erro de imunização não podemos
cometer outro erro pensando apenas em administrar uma nova dose sem considerar
os possíveis riscos à saúde deste paciente’.
Um
levantamento baseado no cruzamento de dados oficiais do governo federal,
divulgado no dia 2 de julho, apontou que pessoas teriam recebido doses vencidas
contra a Covid-19. A Prefeitura de Xapuri chegou a negar aplicação de vacina
fora do prazo, mas, voltou atrás e confirmou que 51 pessoas tinham tomado o
imunizante vencido.
Na mesma
época, a direção de ações básicas de Xapuri afirmou que todos os 51 moradores
que aparecem na lista foram identificados e eram monitorados.
Monitoração
A
coordenadora do Crie, Daíla Timbó, ressaltou que o Ministério da Saúde (MS)
também foi comunicado e analisa a situação. Segundo ela, as orientações do MS e
da Anvisa sobre o que deve ser feito podem demorar.
“Pode ser
demorada ou pode se logo. A gente não liberou para fazer nada, nem para tomar a
segunda dose, temos ver qual será o posicionamento do ministério sobre isso.
Muitos desses lotes da AstraZeneca que recebemos de outros país, que na época
eram importados, passam por um setor da Anvisa que testa a eficácia da vacina
por um período mais prolongado e a qualidade. Essas vacinas estão passando por
um reteste dentro da própria Anvisa”, afirmou.
Conforme a
coordenadora, esse teste pode estabelecer, inclusive, que a vacina aplicada era
segura. Se for esse o caso, a pessoa não precisa tomar novamente a primeira
dose. “Dependemos da Anvisa, temos que aguardar”, concluiu.
Vacina
vencida
No Acre,
sete cidades apareceram no levantamento dos pesquisadores Sabine Righetti, da
Unicamp, e Estêvão Gamba, da Unifesp: Rio Branco, Xapuri, Senador Guiomard,
Acrelândia, Epitaciolândia, Porto Walter e Cruzeiro do Sul. O município com
mais aplicações de doses fora do prazo, segundo a lista divulgada, seria
Xapuri.
Procuradas
pela reportagem as prefeituras negaram que tinham aplicado doses vencidas.
Contudo,
depois de negar, a Secretaria de Saúde de Xapuri informou que fez uma auditoria
e verificou que algumas doses de três lotes do imunizante podem ter sido
aplicadas fora do prazo. São os seguintes lotes:
CTMAV501:
válido até 30 de abril;
4120Z025 –
válido até 4 de junho;
410Z004 –
válido até 13 de abril.
Moradores
identificados
As pessoas
que tomaram as doses têm acima dos 60 anos, público que era atendido na época,
e pessoas sem comorbidades que participavam do reaproveitamento de doses.
“Os lotes
chegaram em março, dia 25, e eram para ter sido aplicados até 30 de abril.
Alguns tomaram a primeira dose e outros a segunda. Conversamos com eles, não
tiveram nenhuma reação, estão bem, alguns entraram em contado com o
infectologista e devem receber a segunda dose depois de 45 dias. Não houve
complicações”, disse, a época, o diretor de ações básicas de Xapuri, enfermeiro
Francisco Andrade da Silva Souza.
O
profissional explicou que, quando os lotes foram recebidos, havia pouca procura
pela vacinação contra a Covid-19. “Foi baixa a procura mesmo, as doses ficaram
armazenadas e não se percebeu o prazo de validade. Muitas doses o público não
procurou. Foi comunicado à coordenação do PNI”, contou.
via-G1/AC
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