Alvo agora
são meninas de até 18 de idade, com o registro de 86 denúncias em três anos;
Acre é uma das rotas
No relatório
divulgado por entidades ligadas ao movimento internacional de Direitos Humanos,
pelo menos 86 denúncias de tráfico de pessoas envolvendo meninas de até 18 anos
foram feitas entre 2017 e 2020 no Brasil. A pesquisa se refere a denúncias
feitas ao Disque 100, de Direitos Humanos. É o que aponta o Relatório Nacional
de Dados sobre Tráfico de Pessoas 2017-2020.
O dado chama
atenção por ser acima da média global apresentada pelo relatório do UNODC
(Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime da ONU). Enquanto a média
nacional foi de 40%, os dados mundiais registram 34% de vítimas no mesmo período.
O 30 de
julho como Dia Internacional de Combate ao Tráfico de Pessoas foi criado para
chamar a atenção em relação a este tipo de crime. Segundo a ONU, quase um terço
das vítimas desse tipo de crime são crianças, e 71% das pessoas traficadas são
meninas e mulheres.
No período
analisado, ao todo, o Disque 100 recebeu 176 denúncias de tráfico interno —
dentro do país —, e 79 de tráfico internacional, sendo 86 meninas (até 18 anos)
e 64 mulheres (58,8% do total de denúncias), e 17 meninos e 10 homens (50,19%
do total). Desses números, há prevalência na modalidade exploração sexual (83),
adoção ilegal (43), e trabalho em condições análogas a de escravo (23).
Considerada
a terceira maior atividade ilícita do mundo, perdendo apenas para tráfico de
drogas e o de armas, o tráfico de pessoas é quando a vítima é agenciada,
aliciada, recrutada, transportada, transferida, comprada, alojada ou acolhida
mediante grave ameaça, violência, coação, fraude ou abuso, estabelecem os
informes de órgãos de segurança como a Polícia Federal, com base em informes
internacionais.
De acordo
com a Polícia Federal, os criminoso utilizam esses artifícios para remoção de
órgãos, tecidos ou partes do corpo da vítima, trabalho em condições análogas a
de escravo, submeter a qualquer tipo de servidão, adoção ilegal ou exploração
sexual. A pena é de reclusão de 4 a 8 anos, e multa.
O relatório
é o primeiro documento com informações coletadas a partir da Lei de 2016, sobre
prevenção e repressão ao crime, e que amplia as finalidades de exploração
decorrentes do tráfico. Até então, o tráfico de pessoas no Brasil estava ligado
apenas à prostituição e à exploração sexual.
Na Central
de Atendimento à Mulher —Ligue 180—, foram contabilizadas 388 denúncias de
tráfico de pessoas, sendo 237 referentes à exploração sexual, 121 ao trabalho
análogo ao da escravidão, 17 para fins de adoção e 13 para remoção de órgãos.
As mulheres
também somaram maioria como possíveis vítimas atendidas no sistema de saúde, ou
seja, nos hospitais e postos. Segundo o Ministério da Saúde, foram 456 pessoas
identificadas pelo sexo feminino ante 154 homens. Os números de 2020 ainda não
estão completos, e os dados foram contabilizados até setembro do ano passado.
O relatório
reúne dados de diversos órgãos como a Polícia Federal, o Ministério da
Cidadania, que comanda os Creas (Centro de Referência Especializado em
Atendimento Social) e Ministério da Saúde, e cada um tem sua metodologia de
preenchimento de dados. O relatório aponta também que somente em operações da
PF, foram resgatadas 203 pessoas vítimas de tráfico interno e internacional no
período analisado, sendo 32 crianças e adolescentes (até 18 anos), 129 homens e
42 mulheres.
De acordo
com o órgão, o número de inquéritos por modalidade de tráfico interno e
internacional aumentou bastante entre 2017 para 2020, de 15 para 218
investigações, com ênfase no trabalho em condições análogas de escravo (de 8
para 67), seguido por remoção de órgãos (3 para 44), servidão (0 a 36),
exploração sexual (2 para 36) e adoção ilegal (2 para 35).
Houve também
mais condenações. De acordo com o Depen (Departamento Penitenciário Nacional),
no que se refere ao tráfico interno, cinco pessoas, todos identificados como
homens, foram sentenciadas em 2017, e 38 em 2020. No que se refere ao tráfico
internacional, há uma participação maior de mulheres: foram 31 condenadas, ante
os 56 homens nos últimos três anos. Segundo o Depen, casos de tráfico
internacional estariam relacionados à exploração sexual e, seguindo essa
lógica, mais mulheres atuariam no crime para esse fim, o que levaria à hipótese
de que possíveis vítimas de tráfico ascenderam a um novo rol dentro da
organização criminosa.
(via-contilnetnoticias)
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