O senador
também está na mira do Conselho Nacional de Justiça (CNJ)
O desembargador Luciano Carrasco Falavinha Souza, do Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR), liberou nesta segunda-feira, 30, as duas ações que podem levar à cassação do senador Sérgio Moro (União). Ele pede que os processos sejam incluídos na pauta para julgamento após o recesso, na "primeira data possível". Cabe à presidência do TRE definir o dia.
As ações que
pedem a cassação de Moro são movidas pelo PL, partido do ex-presidente Jair
Bolsonaro, e pela Federação Brasil da Esperança (PT, PCdoB e PV). Se for
condenado, o ex-juiz da Operação Lava Jato perde o mandato e pode ficar
inelegível.
Ao liberar
as ações para julgamento, o desembargador compartilhou, como é de praxe, o
relatório dos processos. O documento é técnico e reconstitui em detalhes o
andamento das ações, mas não entra no mérito do caso.
O Ministério
Público Eleitoral (MPE) é a favor da cassação do senador por abuso de poder
econômico nas eleições de 2022. O órgão afirma que os gastos na pré-campanha
excederam o limite razoável.
O MP
considerou investimentos do Podemos e do União Brasil. O Podemos foi o primeiro
partido a filiar Moro quando o ex-juiz entrou oficialmente na vida
político-partidária com a pretensão de se lançar candidato a presidente. Ele
migrou ao União Brasil, após ver derreterem suas chances de vitória na corrida
presidencial, para lançar candidatura ao Senado. Os gastos na pré-campanha
alcançaram a marca de R$ 2 milhões.
Outro ponto
levantado pelo Ministério Público é que Moro teria sido beneficiado pela
pré-campanha presidencial. Os procuradores concluem que os investimentos para
lançar o ex-juiz na corrida a presidente geraram "alta exposição" e
desequilibraram a disputa ao Senado, depois que ele decidiu mudar a estratégia
e concorrer a senador.
Em
depoimento à Justiça Eleitoral, Moro negou que a pré-candidatura a presidente
tenha impulsionado sua campanha ao Senado e que o movimento tenha sido
premediato. "Eu já era sobejamente conhecido no Paraná ou no Brasil
inteiro sem uma pré-candidatura presidencial", afirmou na ocasião,
referindo-se à Lava Jato que, em seus primeiros anos de existência, o colocou
na condição de "herói" do combate à corrupção.
O advogado
Gustavo Guedes, que representa o senador, defende que despesas eleitorais fora
do Paraná não podem ser consideradas. Também argumenta que gastos com segurança
não deveriam entrar na conta.
O senador
também está na mira do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Ao mandar investigar
o ex-juiz, o ministro Luis Felipe Salomão, corregedor nacional do CNJ, começa a
pavimentar o caminho para uma possível cassação do mandato, com base no mesmo
precedente que deixou Deltan Dallagnol inelegível.
O Conselho
Nacional de Justiça vai investigar se Sergio Moro usou a magistratura com fins
político-partidários e se cometeu irregularidades na gestão das multas dos
acordos de delação e leniência homologados na Lava Jato.
inf.via/estadão
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