por Redação
O outro
denunciado, Ítalo de Souza Cordeiro, foi absolvido pelo Tribunal do Júri, nesta
sexta-feira (22), em Rio Branco
O Tribunal
do Júri da 1ª Vara do Tribunal do Júri da Comarca de Rio Branco, condenou o
ex-sargento da Polícia Militar, Erisson de Melo Nery, a oito anos de prisão em
regime semiaberto, nesta sexta-feira (22), pela morte de Fernando de Jesus, de
13 anos, em 2017, quando a vítima tentou furtar a casa do sargento.
O outro
denunciado, Ítalo de Souza Cordeiro, foi absolvido pelo crime de fraude
processual na mesma decisão assinada pelo juiz Robson Ribeiro Aleixo.
O g1 não
conseguiu contato com as defesas dos réus até a última atualização desta
reportagem.
O
ex-sargento ainda foi condenado ao pagamento das custas processuais, já o outro
réu foi isento em razão da absolvição. Nery já respondia ao processo em
liberdade, sendo mantido dessa forma sendo mencionado que “não existem nos
autos outros elementos ou fatos contemporâneos que nos levem a ordenar a
custódia preventiva e foi fixado o regime inicial semiaberto”, aponta a
decisão.
Na
condenação de homicídio, é citado que a sentença apresentou um aumento de um
terço na pena pelo fato do crime ter sido cometido contra uma pessoa menor de
14 anos.
O documento apresenta a informação sobre o comportamento da vítima, afirmando que o adolescente “invadiu a residência do acusado com o objetivo de praticar o crime de furto. Tal comportamento contribuiu de forma direta para a deflagração dos fatos que culminaram no desfecho trágico”.
A decisão
cita que aos 13 anos, a vítima encontrava-se em plena fase de desenvolvimento
físico, psicológico e social e o homicídio além de interromper de forma abrupta
e trágica a possibilidade de reabilitação e reinserção social, trouxe profundas
consequências emocionais à sua família, especialmente à sua mãe.
Caso
Conforme a
denúncia, na manhã do dia 24 de novembro de 2017, Nery matou o adolescente com
pelo menos seis tiros, no intuito de “fazer justiça pelas próprias mãos”. O
caso ocorreu no Conjunto Canaã, bairro Areal, em Rio Branco.
O
adolescente teria ido com outros dois homens furtar a casa do então cabo da PM.
E, ao perceberem a chegada de uma viatura da polícia, os dois maiores de idade
conseguiram pular o muro e fugir, enquanto que Fernando de Jesus foi deixado
para trás pelos comparsas e acabou morto pelo policial.
Após o
homicídio, ainda segundo a denúncia, Nery e o colega de farda Ítalo Cordeiro
alteraram a cena do crime, lavando tanto o corpo da vítima quanto os arredores
do local onde estava caído, para poder alegar que agiu em legítima defesa.
Os militares teriam ainda colocado a pistola na mão direita do adolescente e fotografado. E, antes da chegada da perícia, decidiram mover a arma a uma distância de cerca de 13 centímetros da mão do menino. Depois da suposta alteração da cena do crime, o MP disse que ficou a cargo do militar Ítalo Cordeiro fazer o boletim de ocorrência alegando que o adolescente tentou disparar contra a cabeça de Nery, que agiu para se defender.
O
ex-sargento foi ouvido em audiência de instrução em agosto de 2022 na 1ª Vara
do Tribunal do Júri.
Pronúncia
Na audiência
de instrução foram ouvidos o ex-sargento, Ítalo Cordeiro, e três testemunhas,
entre elas a mãe da vítima e o perito.
No
depoimento, a mãe de Fernando de Jesus afirmou que o filho era usuário de
drogas e andava com alguns jovens do bairro. Contudo, não era violento, era
pequeno fisicamente e não andava armado.
A mulher
também reforçou a mudança na cena do crime e que soube da morte do filho por
grupos de mensagem.
“Em análise
dos autos, em especial dos depoimentos coletados, há possibilidade do crime ter
ocorrido sob o manto da legítima defesa, entretanto o laudo descreve seis
ferimentos de projéteis, fato esse que pode descaracterizar a excludente
suscitada, pelo menos neste momento processual, demonstrando certo excesso na
conduta do réu, competindo ao conselho de sentença analisar se houve ou não a
legítima defesa”, destacou a juíza Luana Campos.
Ainda
segundo a magistrada, após análise dos autos, ‘verifica-se que os indícios de
autoria são robustos e apontam o acusado Érisson como o autor do crime de
homicídio, inclusive este confessa parcialmente, narrando que assim o fez em
legítima defesa. No tocante a legítima defesa, os Tribunais entendem que está
só deve ser considerada nesta fase se cristalina e corroborada amplamente pelo
arcabouço probatório, sob pena de violação da soberania do Tribunal do Júri’.
Trisal
Nery ficou
nacionalmente conhecido após assumir um trisal com outras duas mulheres, em
2021. Alda e Nery, que estavam juntos desde 2000, se apaixonaram por Darlene e
resolveram mostrar o dia a dia nas redes sociais por meio do perfil que ganhou
o nome de “Três Amores”. Cada dia mais o casal ficava mais famoso e dividia
opiniões na internet.
Quatro meses
depois da repercussão, Nery usou as redes sociais para negar que estavam
separados após o boato se espalhar. Os três, na época, moravam em Brasileia, no
interior do Acre. Diariamente, eles postavam vídeos da rotina da casa, faziam
lives e mostravam também os três em eventos.
Já no final
de novembro de 2021, o trisal viu a vida virar de cabeça para baixo. Erisson
Nery apareceu em um vídeo atirando no estudante Flávio Endres após uma briga em
uma casa noturna de Epitaciolândia, onde estava acompanhado de Darlene e Alda.
Ele deixou a
prisão no dia 24 de agosto de 2023, após ter sido preso por esse fato e passou
a cumprir medidas cautelares. Além de tentar reverter a decisão pelo júri
popular, a defesa também havia pedido exame de insanidade, absolvição sumária
por legítima defesa e exclusão de qualificadoras, o que também foi negado.
Tentativa de
homicídio
O ex-militar foi preso em novembro de 2021 por atirar no estudante Flávio. Neste caso, ele responde por tentativa de homicídio qualificado por motivo fútil e recurso que dificultou a defesa da vítima, porte ilegal de arma de fogo de uso permitido e lesão corporal grave.
O estudante
levou ao menos quatro tiros e ficou com sequelas em uma das mãos. Após passar
por uma cirurgia na região do abdômen e ficar nove dias internado no
pronto-socorro de Rio Branco, o estudante recebeu alta no dia 7 de dezembro de
2021.
Em julho de
2022, a Vara Única Criminal da Comarca de Epitaciolândia fez uma audiência de
instrução e julgamento do PM após recebimento da denúncia
inf.via/g1ac
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