por FolhaUol
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Novo presidente da Câmara agiu nos bastidores, se elegeu sem apresentar diretrizes e evitou compromissos polêmicos |
Novo presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB) chega ao cargo tendo como uma de suas principais tarefas conciliar as demandas do PT de Lula e do PL de Jair Bolsonaro, que o apoiaram na disputa.
Hugo foi
eleito neste sábado (1º) com 444 votos. Apesar de receber a chancela de quase
todos os partidos, assume a principal cadeira da Casa sem deixar claros, nem
para os próprios parlamentares, as prioridades e os grandes temas que deverá destacar
nos próximos dois anos.
Em seu
primeiro discurso após ser eleito, Hugo fez uma defesa da democracia, das
emendas parlamentares e da igualdade entre os três Poderes, dando recados ao
STF (Supremo Tribunal Federal) e ao Executivo. Mais cedo, numa fala ainda
enquanto candidato, afirmou que trabalharia pelo fortalecimento do Legislativo
e defenderia a imunidade parlamentar.
A chamada
“defesa das prerrogativas parlamentares” foi uma das principais cobranças que
Hugo ouviu ao longo da campanha, com críticas à atuação do Supremo, assim como
uma solução definitiva para garantir o pagamento de emendas suspensas pelo
tribunal.
Descrito
como um político de perfil conciliador, sereno e habilidoso, o deputado tem
forte atuação nos bastidores. Sua campanha se resumiu, sobretudo, a encontros
reservados e negociações políticas para a divisão dos espaços internos,
evitando compromissos acerca de propostas consideradas polêmicas.
Um ponto
lembrado por aliados é o fato de que as eleições de 2026 vão ocorrer enquanto
ele estiver à frente da Câmara, o que vai impor desafios que terão de ser
levados em conta na condução dos trabalhos.
A
proximidade do pleito elevará a pressão sobre o presidente da Casa,
principalmente em temas considerados espinhosos, como projeto de lei que dá
anistia aos condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro e a regulação das
redes sociais.
Nesse
sentido, o cenário político polarizado e incertezas sobre quem deverá concorrer
à Presidência da República são fatores que exigirão do comando da Câmara
destreza para manter um clima equilibrado no Legislativo, dizem parlamentares.
Apesar
disso, eles afirmam que Hugo não terá uma linha de condução nem estritamente
governista nem abertamente oposicionista, sabendo transitar entre todos os
campos políticos da Casa.
De outro
lado, por parte do Palácio do Planalto, há expectativa de melhora na relação do
Executivo com a Câmara, com diálogo mais respeitoso do que no mandato do
antecessor Arthur Lira (PP-AL), com quem os articuladores do governo tiveram
atritos.
De outro
lado, por parte do Palácio do Planalto, há expectativa de melhora na relação do
Executivo com a Câmara, com diálogo mais respeitoso do que no mandato do
antecessor Arthur Lira (PP-AL), com quem os articuladores do governo tiveram
atritos.
Essa previsão, dizem deputados governistas, pode ser especialmente importante para que haja empenho da Câmara na aprovação de pautas de interesse na área econômica.
Além disso,
Hugo se comprometeu com a bancada do PT a reestabelecer o rito de tramitação
das medidas provisórias, instrumento que foi alvo de embate entre Lira e
Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
Aliados
apostam na boa relação dele com o novo presidente do Senado, Davi Alcolumbre
(União Brasil-AP), para evitar disputas entre os congressistas. Ponderam que,
apesar do bom diálogo, o presidente da Câmara não abrirá mão de direitos
conquistados pelos deputados nos últimos anos.
Além de uma
esperada postura corporativista, aliados arriscam dizer que Hugo quer aplicar
um foco na segurança pública e na educação. Apontam ainda que, embora o
deputado não tenha se aprofundado na agenda econômica durante campanha, ele tem
um olhar atento a essa pauta. Em discurso no sábado, falou a favor da
estabilidade fiscal.
Se, por um
lado, deu poucas pistas de qual será sua plataforma na presidência e quais
projetos pretende tocar, Hugo afirmou, em conversas com os deputados, que
pretende “reviver” o plenário da Casa. Isso significa a convocação dos colegas
para debates mais aprofundados das matérias e previsibilidade da pauta de
votações —assim como a definição de um cronograma para dias e horários das
sessões de plenário.
Ele também
tem garantido que a pauta será feita de forma equilibrada, atendendo a todos os
partidos. Assegura ainda que vai distribuir de forma mais equânime as
relatorias dos projetos entre os congressistas e dar transparência e voz aos
deputados no colégio de líderes, pontos criticados por deputados em relação à
conduta de Lira.
Além disso,
Hugo afirmou que quer valorizar o trabalho das comissões temáticas, diminuindo
o número de requerimentos de urgência levados ao plenário (instrumento que foi
recorrente sob a gestão de Lira e anula a necessidade de que os projetos sejam
discutidos nos colegiados).
Às vésperas
do pleito, Hugo divulgou seu slogan “Do lado do Brasil”, falando em união do
país, convergência de ideias e respeito à pluralidade —mas sem avançar nos
sinais que pudessem gerar ruídos com um lado ou outro.
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